quarta-feira, 20 de dezembro de 2017


Aprendi que em Edificações Antigas, principalmente as mais significativas, que se pressupõem tombadas ou históricas, as intervenções principalmente externamente, devem ser comedidas, mantendo-se o prédio com todos os elementos arquitetônicos de época. Certa vez resolvi entrar em um concurso em Marzabotto Bolônia Itália da Green Academy, uma edificação de uma antiga fábrica de papel, onde se indicava ter sido feita pelo Eng. Pier Luigi Nervi (June 21, 1891 – January 9, 1979).
Edificação de rara beleza, com seu interior ainda mantendo as características de uma fábrica italiana, estudei toda a história de Marzabotto e atravé do Street View do Google, fui me familiarizando com o entorno. Cheio de escrúpulo, trabalhei o interior conforme o Programa de Necessidades e pouco intervi no seu exterior, apenas colocando um "portcouchere" e uma caixa d'água. No entorno da edificação, desenhei uma quadra de esportes conforme pedia o programa, um fechamento com um gradil, luminárias com bateria e painel fotovoltaicos e lampadas de Led, o projeto foi enviado, e ao sair o resultado verifiquei que ou o que eu aprendi estava "demodê", ou fora do meu universo de projetos, as coisas tomavam outro rumo bem diferente. O prédio tão preservado por mim, nos projetos qualificados estavam agora envolvidos por estruturas metálicas e vidro, totalmente descaracterizado. A Young Architects Competition escolheu projetos que alcançavam até 8 pavimentos, com rampas no entorno e verdadeiras viagens. Até hoje sou convidado a participar dos seus concursos, não me atrevo, sou daqueles que acham que os projetos devem ser funcionais, não devem apenas ser esculturas. 


Recentemente li uma matéria, que falava de uma ponte feita pelo um grande arquiteto de renome internacional, onde o piso era feito de tijolos de vidro, as pessoas começaram a cair e processar a prefeitura, diante de tal fato a prefeitura resolveu colocar sobre os tijolos um grande tapete de borracha, projetos esculturais são entregues sem o mínimo de detalhamento, acho válido e gosto de ver belas formas, no entanto elas devem funcionar, um museu que vai abrigar grandes obras de arte deve ser uma edificação planejada para esse fim.
Vi na internet um museu no Panamá, belíssimo, super colorido, composição perfeita e coisa e tal, analisando toda a estrutura e sabedor que as chuvas que temos em Manaus são idênticas as que assolam o Panamá, desconfiei que provavelmente a edificação não estava imune de ser varrida pelas chuvas. Na minha viagem de férias, resolvi que iria visitar o museu para tirar de vez a minha dúvida, para a minha surpresa quando lá cheguei, só pude vê-lo pelo lado de fora, o museu que tinha apenas uns 3 anos estava passando por reformas, analisando por fora, tenho quase certeza que foram as chuvas o causador de danos a edificação. Portanto, arquitetura deve levar em conta  primeiramente o homem, depois a sua finalidade, não sou contra as formas esculturais, desde que o detalhe seja resolvido e o projeto esteja completo, para não gerar surpresas desagradáveis com o valor da obra, e rapros futuros.

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